sexta-feira, 22 de maio de 2009

Grau zero da política autárquica? Não, obrigado!


Passo a passo, pé ante pé, Elisa está a construir um programa eleitoral participado por aqueles que lhe hão-de dar a vitória em Outubro.
Discutiu, com algumas especialistas, os problemas que a cidade coloca às mulheres (foto); percebeu, no rosto voluntarioso e angustiado da Rosa do Aleixo, que é preciso encontrar soluções com as pessoas que lá moram; aprofundou o conhecimento de alternativas habitacionais com a comissão de moradores da Bouça e com a Associação de Inquilinos em Sto. Ildefonso; esteve atenta às lições de vida difícil que os mais velhos lhe deram em Ramalde, no Viso, e na Pasteleira; surpreendeu-se com a enorme pujança criativa, mas "clandestina", da juventude que anima Miguel Bombarda; enfim, foi imigrante com os imigrantes nos "Maus Hábitos"!
Enquanto decorriam estes "trabalhos de casa"programáticos, os outros candidatos enervaram-se: o maior argumento político que, em uníssono, conseguiram produzir tem a vêr com o número de pés que Elisa usa para caminhar! Mau sinal! Com tanto assunto grave e urgente para debater sobre a cidade, optaram pelo grau zero da política: a tentativa de "matar" a mensageira porque a mensagem, que não lhes agrada, ganha cada vez mais força. A demagogia sobre o "estar ou não estar com os dois pés no Porto" é fácil e pode até dar alguns lucros eleitorais, mas não resiste ao exame duro das realidades: pela primeira vez vai haver um programa eleitoral genuinamente participado.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Um novo Movimento / Partido de esquerda faz ou não sentido?


Inquérito "Refundação da Esquerda"
Resultados do Inquérito
Um Novo Movimento/Partido de Esquerda em Portugal.
Faz ou não sentido?
Esta tem sido uma interrogação que tem atravessado uma parte do debate político em Portugal nos últimos tempos, sobretudo depois do sucesso bem marcado pelas candidaturas independentes de Manuel Alegre às Eleições Presidenciais e de Helena Roseta à autarquia Lisboeta e dos Encontros da Esquerda, no Teatro Trindade e na Aula Magna, nos quais muitos de nós participámos e nos envolvemos de forma cidadã.
(Extraído do Blogue de Almeirim.Veja o texto completo aqui)

"GUARDA BEM A BAILARINA"



As asas da noite e as tuas asas de mel. As asas de mel da noite e as tuas asas. Ambas negras, mesmo no cheiro, faziam beijar o céu de estrelas pontuais e raras O céu itinerante como vem nos códices de todos os homens desde o primevo hominídeo, até aos clones do futuro presente, e, do futuro dos infernos maquinais. Vieste como ave. Inquietude, solicitudes, duas aéreas catalogáveis. E apenas azul. E penas azuis caídas de uma trave. Vieste, voo do silêncio objectivado, para colher dois pares de globos oculares, envoltos em papel de jornal, encobertos como portugueses no seu sangue normal, tão rubro e tão eivado de leitura e escrita outonal. Olhos sem luz não podem viajar. Borboletas nocturnas bêbadas de água, de orvalho, cantando hip-hop, a nadar no ar. Candeeiros que o mundo amarelece na proximidade do mar. Uma desconhecida toupeira citadina. E as tuas asas, amigas, levaram os dois pares de olhos, agora enxutos pela poeira cósmica, no papel, muito atentos, esbugalhados, para um bar. O meu par de globos oculares não entendiam, em dias em que a meteorologia era diversa, o porquê das pérolas de água que me salpicarem a cara depois de fazer a barba. Fiz a barba depressa. Era em situações como essa que o par de olhos de minha mulher via por mim. Para além da visualidade, viam na interpretação, na compreensão. Fomos contigo tomar um café. Morena estavas, como morena és. Depois não foi um café… foi um chá. As cadeiras eram confortáveis para os ossos. Depois a dança do ventre. O ventre era liso e lindo. Esticado e a pedir que o tocassem devagar e, depois, mais depressa, em ritmos de sombras magrebinas, berberes. Os lenços que caíam. A vinda junto à mesa. As pestanas pesadas. Linda bailarina a dançar o próprio ventre, mais gente, sem ventre assim, vozes, vozes, tu, nós, vozes, chás e um ambiente quente. As asas da noite e as tuas asas de mel voavam o espaço todo de todos os entendimentos, perscrutavam luzes, semióticas sinalizações, mais chá, o ventre e o tempo. De repente o tempo. O que encontravas os nossos olhos não sabiam embebidos que estavam em novidades novas, vindas de longe, que tu também trazias, porque viajavas, porque sabias de almas descobertas e navios. Na rua a alguém disse: “Guarda bem a bailarina!”. E o poema ficou…e os olhos viajaram. Ficaram escondidos, atrás de uma gaveta, espaço bem modesto, com apontamentos de uma aula de filosofia, trementes, ainda assim, de bom gosto e bom senso sorridentes. Ainda é noite agora…Torna-se urgente descansar…
Como ensinava uma amiga minha, é abaixo das ondas, que as águas estão serenas…

José Carlos Martins
Outubro de 2004

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Programa Local de Habitação: um bom exemplo que vem de Lisboa


No passado dia 16 de Abril, Helena Roseta apresentou a primeira fase do Programa Local de Habitação para Lisboa.Trata-se de um conjunto de princípios e medidas que se destina a atacar sem tibiezas o problema político da contínua degradação da habitação na capital. Pelo carácter exemplar das soluções que promove e porque o Porto padece há muito dos mesmos males, importa trazer aqui alguns dos aspectos mais importantes daquele programa.
A prioridade é a reabilitação e a garantia de condições mínimas de habitabilidade em todos os fogos, em detrimento da construção de raíz. Para os bairros sociais, o princípio (político, social e técnico) é a participação dos moradores através da constituição de cooperativas de inquilinos que se comprometam com a conservação e gestão dos imóveis com recurso a medidas de incentivo baseadas na alteração da actual legislação cooperativa. Outras medidas são a criação de um seguro de renda para suportar situações de incumprimento, a criação de uma bolsa de imóveis para arrendamento (utilizando a internet) e o lançamento de um Regime Especial de Comparticipação na Recuperação de Imóveis Arrendados (RECRIA) para inquilinos, de forma a antecipar os prazos para colocar as casas no mercado (as obras passariam a ser feitas pelos inquilinos). Tudo isto será acompanhado pela criação de um fundo municipal destinado à urbanização e habitação e pela construção de hoteis sociais para receber os cidadãos cujas casas entrem em obras.
É inevitável comparar estas políticas de cidade com o que está anunciado para o Aleixo: de um lado está a preocupação com as pessoas e com as relações que estabeleceram ao longo do tempo com os seus espaços de vida e do outro lado está a preocupação com os "activos" das grandes imobiliárias. Que a cidade acorde e se indigne...!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Manifesto "BOLHÃO": o que pensam os candidatos autárquicos?

(faça click sobre a foto para saber mais)
O desafio está lançado!
A Plataforma de Intervenção Cívica do Porto promoveu no passado sábado, dia 2 de Maio, a apresentação pública do Manifesto “BOLHÃO" que, mantendo o mercado de frescos, propõe para aquele espaço um conjunto integrado e harmonioso de valências que o tornem num centro de:
. Desenvolvimento Económico;
. Desenvolvimento do Comércio Tradicional e do Turismo;
. Animação Cultural e Recreativa;
. Revitalização da “Baixa”.
Cabe aos portuenses conhecerem e pronunciarem-se sobre a proposta, mas será bom que as diversas candidaturas aos órgãos autárquicos da cidade (Câmara, Assembleia Municipal e Juntas de Freguesia) "não assobiem para o lado" e se pronunciem clara e atempadamente sobre ela, assumindo as correspondentes responsabilidades!