segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Apresentação do Programa de Elisa Ferreira



Apresentadas algumas propostas e medidas nalgumas áreas específicas (educação, urbanismo, cultura, etc.) amanhã, dia 29.09.2009, pelas 11.30h, é chegado o momento da candidata Elisa Ferreira apresentar o conjunto do seu programa.

Trata-se de um trabalho verdadeiramente inédito e pioneiro na forma de "fazer política", em particular ao nível autárquico: pela primeira vez, um programa de governo da cidade é elaborado de modo participativo, ouvindo os cidadãos nos seus locais de trabalho e residência, assegurando a intervenção da malha associativa da cidade, solicitando o contributo de especialistas nos diversos domínios da acção autárquica e conseguindo sintetizar todas essas contribuições.

O respeito demonstrado pela candidata relativamente aos contributos que lhe foram dados é já um sinal de uma importante vitória: a cidadania activa encontrou espaço de afirmação nesta candidatura.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O parque da cidade merecia melhor...!

Ao contrário do que quer fazer crer aos portuenses menos informados, o actual executivo camarário não tem defendido o interesse público na questão, já velha, do parque da cidade. A irresponsabilidade, a incompetência e a falta de transparência num "negócio" que vai custar muitos milhões de euros, não pode ficar impune...! O melhor castigo, para além dos tribunais, deve ser dado nas urnas! (saiba mais sobre todo o processo aqui)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

PICADA (MEMÓRIA)



Aquela casa não tinha o odor a assepsia dos hospitais convencionais. Juntava -se-lhe a mescla dos suores do sol sangrento e das lágrimas das carpideiras, no choro, no portão, em frente da estrada para Bissalanca, gargantas gastas e roucas, por vezes poucas na época das chuvas e dos enrolados trapos.

Furriel! Ó meu furriel! Ó Martins!
Do colchão, dois lençóis encardidos, seu universo de alguns meses chamava--me o André. Uma mina antipessoal, um pé, um grito, uma sina, uma dor que lhe passou a apertar a alma corporal.
Martins recebi carta de S. Mamede…da minha rapariga. A letra da ti Lena é que são só gatafunhos, se ma quisesse ler...


S. Mamede 1 de Dezembro de 1971

Meu Querido:

Cá vou passando arrimada a minha mãe. Secam-me os olhos de lágrimas. O Sr. Botelho é que teve uma recaída e anda muito ruim. A Dª Celeste é uma correria para os médicos. Mas eu só penso em ti. De dia e de noite. Mesmo quando vou abrir as poças ou acomodar o gado. Uma das cebas não vai muito bem. Nada me entretém. Não me interessa que venhas com o pé ou sem o pé. Só queria que acabasse o teu sofrer. André deves estar tão magrinho. Todos os dias rezo terços e terços e já fiz uma encomenda à Senhora de Fátima que nos há-de valer. André vais voltar para tomar conta do que é teu e vivermos os dois na casa da tia Brízida, que está lá à nossa espera. O meu coração só pensa no dia em que casarmos e formos para nossa casa. André não te esqueças de responder a esta logo na volta do correio. Mando-te os pintelhos que me pediste. Coro de vergonha. André beijo-te beijo-te e beijo-te. Espero que o nosso sofrimento termine, que voltes, logo que seja possível e, que vivamos felizes.
A que te adora
Laura


José Carlos Martins
9 de Setembro de 2009

Os eléctricos, os autocarros e o Passeio das Cardosas em 1979



"Engraxa doutor? Não! Engraxo na Baixa!"


Dão graxa...! Puxam o lustro...! Fazem chiar o pano...!
Se não chover ("Dá-me cabo do negócio") podem estar na Praça, junto às pizzas ou, do outro lado, a mandarem umas bocas ao ardina. Também páram em Campanhã (deixei de vêr lá o Rebelo...será que.....?) para cumprirem a sua missão no "calçado como deve ser" (sapatos - sapatos e não calcantes de ténis) que viaja nos pendulares. Alguns resistem nas barbearias, a meias com a manicure, mas nos cafés já não os vejo. O Piolho teve vários!
Distinguem-se pelo modo como fazem "chiar o pano". Pouco importa se são velhos ou novos, homens ou mulheres (que, na "modernização do desemprego", também chegaram à profissão...), faladores ou taciturnos, fumadores ou cancerosos. O que importa é aquele arrastar do pano contra a pele, aquele trinado exultante da graxa que se espalha e agarrra, desesperada, na pele da pele. O que importa é que, nessa batalha de superfície, o pano ganha, a graxa grita e o sapato rebrilha.

Melhorar as oportunidades para a educação e qualificação de adultos


Durante o ano lectivo de 2006/2007, de acordo com os dados oficiais, no município do Porto havia 3.068 adultos integrados nos dois únicos centros "Novas Oportunidades" (Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, com 2.0626 e Agrupamento de Escolas de Miragaia, com 442). Destes 3.068 adultos, 1.363 (44%) estavam inscritos, 567 (19%) estavam em diagnóstico, 481 (16%) estavam em processo de reconhecimento, 6 (0,2%) estavam por certificar, 208 (7%) estavam certificados, 115 (4%) foram encaminhados, 46 (1,5%) desistiram e 282 (9%) foram transferidos. No bom e no mau, estes números falam por si.
É francamente positivo que, numa cidade onde se somam o velho e o novo analfabetismo, mais de três mil adultos tenham procurado soluções pessoais e profissionais junto do programa "Novas Oportunidades". É também positivo que mais de mil e trezentos estivessem inscritos nas diversas ofertas formativas e mais uns quantos vissem os seus esforços recompensados com a certificação correspondente. Não deixa, no entanto, de causar estranheza o desequilíbrio desta rede pública: apenas dois centros, um na zona ocidental e outro na zona histórica, sendo que no primeiro eram mais de 2.000 os adultos envolvidos enquanto que no segundo, esse número era quatro vezes inferior. Cabe questionar por que razões não há oferta pública de CNOs na zona oriental, com mais população e com maiores problemas de qualificação e emprego dessa população? Será aceitável, para os interessados e para o funcionamento eficaz do sistema, deslocar as pessoas de um extremo da cidade para o outro, sobrecarregando um dos pólos e deixando o outro com frequências muito mais baixas. E, uma outra questão aqueles números suscitam: o que aconteceu aos 115 encaminhados (porquê?), aos 282 transferidos ( para onde?) e aos 46 que desistiram?