segunda-feira, 7 de dezembro de 2009


O ESTADO DA MEDIATIZAÇÃO ( “ AI, AI, AI, QUE NÃO PODE SER”)

Da memória, de quando falava e quando escrevia, manuscritos curtos, que alguns pretendiam inscrever na tipologia das crónicas…

Agora, embora escrevendo, é da mediatização, ao que venho quando chove, na cidade, e, ando de papel na mão por perto da Casa da Música, o que era espectável, porque, depois de muitos debates monotemáticos de fundo azul no ecrã, ou utilizando, velozmente, como uma ascensão do Homem–Aranha, a banda larga, esta é a situação possível.
Basicamente, no quadro da crise internacional, com o desnorte que provocou e provoca, tudo é uma questão de atitude, perante uma multiplicidade de eventos, num todo de marketing sustentado, que leva a ter confiança e a uma entrega de braços abertos, como de criança, procura de abrigo no micro e macro mundo mediáticos.

Apesar de tudo, e, ainda, um gato siamês atravessa o texto na diagonal…


José Carlos Martins
08/09/2009

Quem tem medo de Elisa Ferreira?


No rescaldo das eleições autárquicas no distrito do Porto, alguns factos de actuação política deveriam merecer uma especial reflexão dos militantes socialistas:

1. Processos disciplinares visando a expulsão de vários camaradas que, como independentes, se candidataram aos órgãos autárquicos em Matosinhos, Valongo, Stº Ildefonso (freguesia do Porto), etc.
Espera-se que a justificação estatutária destes processos não deixe margem para dúvidas, nomeadamente no direito à defesa dos "arguidos" e nas explicações, nunca antes conhecidas, sobre as deliberações (datas, procedimentos legais, votações) que conduziram à formação das listas oficiais. Espera-se também que sejam esclarecidas as razões que impediram a apresentação de listas únicas do PS. Caso contrário, tudo será visto como um processo de depuração ideológica e política, impensável num partido que fez da democracia interna a sua grande diferença em relação à restante esquerda. Será bom não esquecer que, perante a candidatura independente de Manuel Alegre à presidência da República, também houve claras tentativas de altos responsáveis partidários no sentido da sua expulsão por delito de opinião e desrespeito estatutário. Todo o articulado estatutário deve ser respeitado, e não apenas aquele artigo que "agora dá jeito" para punir os “infractores”. Quem votou nas listas dos “infractores” socialistas? Obviamente, muitos militantes socialistas! E estes, que votaram, também vão ser alvo de alguma medida estatutária? Que pena…! Não se pode!

2. Aliança de governação local, na Câmara de Matosinhos, entre o PS e o PSD. Ou seja, a lista do PS oficial alia-se com a direita (que nunca, neste município, chegou ao poder) contra a lista “independente” votada maioritariamente por militantes socialistas! Em nome de que tipo de governabilidade se pode admitir que a direita seja puxada para o exercício do poder e a outra lista de esquerda, formada e votada por socialistas, seja remetida para a oposição? Que exemplo é este?

3. Primeira reunião da Assembleia Municipal do Porto, para eleição da mesa: 27 deputados municipais da coligação PSD/CDS e 27 deputados municipais eleitos pelo PS (20), CDU (4) e BE (3). O PS propõe à CDU e ao BE uma lista alternativa à apresentada pela coligação de direita. Estes dois partidos aceitam que os seus 7 votos sejam para a lista alternativa. Votação individual secreta para o presidente: 28 favoráveis à lista do PSD/CDS e 26 favoráveis à lista alternativa.
Quem se passou para o lado de lá? Quem se quis prejudicar, com essa atitude? Por que razão não houve uma declaração de voto que justificasse tal comportamento?
A candidatura de Elisa Ferreira, pela qual se bateram muitos socialistas e independentes, parece ainda incomodar os vários aparelhos partidários portuenses, instalados na mediocridade do seu umbigo.