terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Palácio de Cristal com Centro de Congressos: que custos e que benefícios?

(foto:ae.fe.up.pt)
De um lado está a Câmara do Porto e o consórcio formado pela Associação Empresarial Portuguesa, o Pavilhão Atlântico, a Associação Amigos do Coliseu e a Parque Expo. Este grupo pretende construir um centro de congressos para 1200 pessoas junto ao Palácio de Cristal, em parte da área onde hoje está o lago (à direita, na foto). O edifício a construir é projectado pelo arquitecto Carlos Loureiro (que já era o autor do Palácio), estará virado para o rio Douro, exigirá o abate de algumas árvores classificadas e implicará o investimento de 19 milhões de euros: 3 milhões do consórcio, 6 de fundos europeus e 10 da Câmara Municipal. O centro de congressos será concessionado por 25 anos. Em vez do lago, teremos um espelho de água.

Do outro lado está o Movimento de Defesa dos Jardins do Palácio, constituído por cidadãos auto organizados e apoiados por formações políticas e associações várias (Campo Aberto e outras), que pretende reunir as assinaturas necessárias para submeter à Assembleia Municipal do Porto a proposta de realização de um referendo sobre a construção daquele centro de congressos. Embora última palavra seja do Tribunal Constitucional, que terá que aprovar a pergunta a colocar no referendo, todo o processo depende da aprovação da Assembleia Municipal.
A questão é grave: construir ou não construir aquele edifício, que muito ou pouco, vai desfigurar um espaço emblemático e simbólico (com árvores centenárias e classificadas e trocando um lago por um espelho de água) exige um balanço entre custos e benefícios (ambientais, sociais, económicos e culturais). Pela primeira vez na sua história recente, a cidade pode ser chamada a pronunciar-se num referendo local.
Ao contrário do que já aconteceu inúmeras vezes, em que a cidade foi mutilada ou se anunciou a sua mutilação sem apelo nem agravo (em S. João de Deus, no Aleixo, no Bolhão, na Av. dos Aliados, etc.) ao menos desta vez que se dê a voz e o poder ao povo do Porto para decidir sobre o quer da cidade e dos governantes.
Por isso é importante que a Assembleia Municipal aprove a realização do referendo: será uma aula de práticas democráticas que tão arredias têm andado do governo da cidade.

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“Ela deixava a filha viver assim, pior que num aido dos porcos, porque queria!...”. “Olha para aquele cromo!...”. É, hoje em dia, no Fórum dos autocarros, que as pessoas mais se aproximam e mais se afastam. Fazem perguntas sobre percursos e horários, sobre carestia, pedófilos, telenovelas e políticos. Entabulam conversas que levam ao desfiar do rosário de uma vida. Desemprego, doenças. Afastam-se, porque apertadas, como sardinha em lata, defendem os corpos. Pisadelas e maus cheiros. “Ó Sr. veja lá se não cabe!”. O roço. O desejo, na velhice, é maldito, é um poço. Por vezes dizem impropérios.”Olhe vá-se f…”.”Corno!”. Difícil se torna chegar a acordo sobre uma janela fechada ou aberta. Mas, as pessoas conversam! Escândalos, das artistas e dos financeiros, capitalistas rapaces, e, outros ogres. Sobre o seu destino, sobre política, da dignidade e da cidadania, sobre a constante mudança não!

José Carlos Martins
Março 2009


A LUTA CONTINUA ATÉ ESTAREM ASSEGURADOS OS PRINCIPIOS PELOS QUAIS NOS BATEMOS

A Plataforma de Intervenção Cívica do Porto, vai continuar a desenvolver as acções necessárias e a reclamar de forma determinada que o Mercado do Bolhão seja urgentemente reabilitado sem qualquer outro interesse que não seja o respeito pelo património constituído tanto pelo bem edificado como pela actividade económica e social das suas e seus comerciantes, compradores e visitantes.
Por isso, vamos estar vigilantes e atentos ao andamento do processo e exigir que o protocolo aprovado seja implementado de acordo com os princípios que continuamos a defender para a reabilitação do Mercado do Bolhão e para a Gestão futura deste Equipamento da Cidade, nomeadamente os seguintes:

1.O cumprimento do compromisso dos vários órgãos de poder para a reabilitação do Mercado do Bolhão, o mais urgente possível, tento em conta o seu estado de degradação;

2.A consulta regular sobre o projecto das obras de reabilitação a implementar no Mercado a fazer às Instituições representativas dos comerciantes e aos próprios comerciantes assim como a esta Plataforma;

3.A manutenção do mercado de frescos e do lugar para comércio de tipo tradicional;

4.A manutenção do Mercado do Bolhão, como Património Cultural Classificado;

5.A manutenção do Mercado do Bolhão como equipamento público e, portanto, como património municipal;

6.A abertura à inclusão de outras actividades e valências complementares às existentes que possam enriquecer e potenciar a actividade económico-social que se desenvolve no Mercado, actualizando-o e modernizando-o;

7.A manutenção de todos os comerciantes durante e após as respectivas obras de reabilitação.

8.A gestão Pública do Mercado do Bolhão.

VALE A PENA SEMPRE LUTAR!

Porto, 24 de Janeiro de 2009
A Plataforma de Intervenção Cívica do Porto