Sobretudo para aqueles que trabalham diariamente no, e para, o Mercado do Bolhão, o ano de 2008 vai ficar marcado, nas suas histórias de vida, como um ano para recordar. Ameaçados de expulsão por um projecto camarário que visava transformar o mercado em mais um "shopping" sem rosto nem alma, os vendedores e comerciantes ousaram resistir, souberam organizar-se, apresentaram alternativas e conseguiram vencer as sucessivas batalhas. O processo, em que a defesa dos seus interesses e direitos tem sido exemplar, só terminará quando a requalificação dos espaços, a segurança do edifício, o financiamento da obra e o modelo de gestão estiverem concretizados.
Mas este processo não é exemplar apenas para os vendedores e comerciantes. É-o também para a própria cidade e para os portuenses em geral. Por várias razões: porque tem sido capaz de despertar "o inconsciente colectivo" para a urgência da defesa do património histórico-cultural ameaçado; porque tem demonstrado, na prática, a possibilidade de congregar apoios e unir organicamente as pessoas em torno de objectivos claros e escrutinados; porque tem provado que o poder dos cidadãos não se esgota nas eleições.
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