quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Um ano de luta em defesa do Mercado do Bolhão

Sobretudo para aqueles que trabalham diariamente no, e para, o Mercado do Bolhão, o ano de 2008 vai ficar marcado, nas suas histórias de vida, como um ano para recordar. Ameaçados de expulsão por um projecto camarário que visava transformar o mercado em mais um "shopping" sem rosto nem alma, os vendedores e comerciantes ousaram resistir, souberam organizar-se, apresentaram alternativas e conseguiram vencer as sucessivas batalhas. O processo, em que a defesa dos seus interesses e direitos tem sido exemplar, só terminará quando a requalificação dos espaços, a segurança do edifício, o financiamento da obra e o modelo de gestão estiverem concretizados.
Mas este processo não é exemplar apenas para os vendedores e comerciantes. É-o também para a própria cidade e para os portuenses em geral. Por várias razões: porque tem sido capaz de despertar "o inconsciente colectivo" para a urgência da defesa do património histórico-cultural ameaçado; porque tem demonstrado, na prática, a possibilidade de congregar apoios e unir organicamente as pessoas em torno de objectivos claros e escrutinados; porque tem provado que o poder dos cidadãos não se esgota nas eleições.
(para conhecer o balanço e as perspectivas do processo, clique aqui)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Porto, os espaços públicos e a publicidade desproporcionada

Há algumas semanas, a Câmara Municipal (tra)vestiu-se.

Provavelmente até foi um bom negócio para ambas as partes! A empresa paga a "lavagem de cara" do edifício mas, ao mesmo tempo, consegue o melhor espaço publicitário da cidade.
Tal e qual como na nova Rotunda azul, no Palácio das Cardosas e na Rua das Flores, a Câmara poupa uns milhares de euros (quantos?) e, assim, pode investi-los para, por exemplo, construir o Jardim de Infância da Vitória!
Mas..., onde fica o direito do cidadão portuense, ou de quem nos visita, a não ser incomodado (ainda que por "pouco tempo") por mensagens publicitárias que ferem a vista tanto como os estrondos de pedreira ferem os ouvidos?
Não está em discussão a necessidade de preservar os edifícios públicos e monumentos. Para isso pagamos impostos. Tão pouco está em causa a segurança de quem trabalha e de quem se desloca junto das obras. Por isso se aceita como boa solução o recurso às grandes superfícies de telas de protecção e aos tapumes, aos avisos e às barreiras.
O que está em causa é a "espertice" de considerar aquele espaço visual como oportunidade de negócio, é a transformação intencional e sistemática dessas superfícies, que cobrem espaços públicos, em mais lixo publicitário que polui, engana, deseduca e ofende. Aqui, ao contrário da televisão, não se pode mudar de canal!
Ao invés, seria marca de cidade criativa e educadora se essas grandes superfícies fossem aproveitadas para intervenções de arte efémera ou para testemunhos preserváveis do estado anterior dos edifícios agora requalificados.