segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Porto, os espaços públicos e a publicidade desproporcionada

Há algumas semanas, a Câmara Municipal (tra)vestiu-se.

Provavelmente até foi um bom negócio para ambas as partes! A empresa paga a "lavagem de cara" do edifício mas, ao mesmo tempo, consegue o melhor espaço publicitário da cidade.
Tal e qual como na nova Rotunda azul, no Palácio das Cardosas e na Rua das Flores, a Câmara poupa uns milhares de euros (quantos?) e, assim, pode investi-los para, por exemplo, construir o Jardim de Infância da Vitória!
Mas..., onde fica o direito do cidadão portuense, ou de quem nos visita, a não ser incomodado (ainda que por "pouco tempo") por mensagens publicitárias que ferem a vista tanto como os estrondos de pedreira ferem os ouvidos?
Não está em discussão a necessidade de preservar os edifícios públicos e monumentos. Para isso pagamos impostos. Tão pouco está em causa a segurança de quem trabalha e de quem se desloca junto das obras. Por isso se aceita como boa solução o recurso às grandes superfícies de telas de protecção e aos tapumes, aos avisos e às barreiras.
O que está em causa é a "espertice" de considerar aquele espaço visual como oportunidade de negócio, é a transformação intencional e sistemática dessas superfícies, que cobrem espaços públicos, em mais lixo publicitário que polui, engana, deseduca e ofende. Aqui, ao contrário da televisão, não se pode mudar de canal!
Ao invés, seria marca de cidade criativa e educadora se essas grandes superfícies fossem aproveitadas para intervenções de arte efémera ou para testemunhos preserváveis do estado anterior dos edifícios agora requalificados.

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