terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

602

“Ela deixava a filha viver assim, pior que num aido dos porcos, porque queria!...”. “Olha para aquele cromo!...”. É, hoje em dia, no Fórum dos autocarros, que as pessoas mais se aproximam e mais se afastam. Fazem perguntas sobre percursos e horários, sobre carestia, pedófilos, telenovelas e políticos. Entabulam conversas que levam ao desfiar do rosário de uma vida. Desemprego, doenças. Afastam-se, porque apertadas, como sardinha em lata, defendem os corpos. Pisadelas e maus cheiros. “Ó Sr. veja lá se não cabe!”. O roço. O desejo, na velhice, é maldito, é um poço. Por vezes dizem impropérios.”Olhe vá-se f…”.”Corno!”. Difícil se torna chegar a acordo sobre uma janela fechada ou aberta. Mas, as pessoas conversam! Escândalos, das artistas e dos financeiros, capitalistas rapaces, e, outros ogres. Sobre o seu destino, sobre política, da dignidade e da cidadania, sobre a constante mudança não!

José Carlos Martins
Março 2009

Sem comentários:

Enviar um comentário