
Na cidade do Porto, para além desta desigualdade de género face "ao saber ler e escrever", uma outra era, e continua a ser, eloquente: a que se reporta aos locais (freguesias) de residência.
O município tem uma média global de 4,79% de analfabetos, mas no seu interior as percentagens variam entre um mínimo de 1,50% em Nevogilde e um máximo de 8,81% na Sé. O mapa mostra que as cinco freguesias do centro histórico e a freguesia mais oriental (Campanhã), com valores superiores a 5%, representam a zona urbana onde menos se fizeram sentir os benefícios da educação e da escolarização.Mas não só: é nessa zona que "mora" a velhice solitária, a pobreza assistida pelas IPSS, o desemprego sem subsídio, a má habitação, a falta de planeamento urbano...
No outro extremo estatístico e social, as freguesias de Nevogilde, Foz do Douro, Massarelos e Cedofeita, com valores inferiores a 4%, representam a zona de elevado capital educativo e cultural acumulado ao longo de várias décadas.
No meio, entre os 4% e os 5%, estão as freguesias de Aldoar, Lordelo do Ouro, Ramalde, Paranhos e Bonfim, onde coexistem gerações, emprego e desemprego, velhos e novos bairros sociais, traços de ruralidade e símbolos maiores da modernidade. É aí que pontificam os divergentes destinos escolares e sociais da maioria das crianças, jovens e adultos da cidade.
Se a história da cidade explica, em parte, este quadro desolador, é às políticas públicas locais e centrais que se tem de exigir as explicações que faltam. É, também, ao associativismo e aos privados que se tem de perguntar o que têm feito. Mas não basta conhecermos os nós do problema. É urgente tornar o Porto uma cidade livre de analfabetismo!
Voltaremos a este assunto em próximos "posts"
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