quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ouvir as árvores



Joana sabia que a árvore estava a gritar.
Vinha, a moça, pequenina de estatura, de uma longa estirpe celta, de druídas das florestas. Da procura do musgo, dos remédios, das tisanas e das curas. Da procura do bem e da luta contra as causas obscuras.
A floresta estava-lhe no corpo esguio…mata plantada de pequenas ervas rasteiras, onde aparecem buracos curiosos e curiosas toupeiras, crescem arbustos ásperos…até árvores de folhagem perene, espaçadas e serenas, exibindo o porte frágil.
Naquela tarde, quente, de exercícios e simulações, pequenas palestras e instruções… e o vai e vem “das formigas no carreiro”, levando sementes para o formigueiro…Tudo parecia resumir-se ao silêncio de uma brisa…
E, a moça ouvia a árvore, muito nova, gritar:
- Joana, este ano, quero crescer e o infinito alcançar! Não posso arder, ninguém me pode queimar!

Carinhosamente, ao fim da tarde, Joana deixou o seu capacete vermelho, dos voluntários, junto ao pé daquela árvore para a marcar e proteger. Os bons espíritos verdes, de prevenção na floresta, iriam entender…


19 de Maio de 2006
José Carlos Martins

Sem comentários:

Enviar um comentário