quinta-feira, 4 de junho de 2009

Fazer do Porto uma cidade livre de analfabetismo (II)


aqui abordámos o assunto, mas a gravidade de que se reveste nos dias de hoje impõe que voltemos a ele.
De acordo com o conceito utilizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), são analfabetos aqueles que, no momento em que foram inquiridos, declararam que não sabem ler nem escrever. Ou seja, ficam de fora do conceito todos os outros cidadãos que, muitas vezes por vergonha, declararam saber ler e escrever mas apenas sabem desenhar o seu nome ou que associam e reconhecem um determinado símbolo gráfico a um objecto ou a uma informação (como é o caso vulgar das tabuletas WC).
Obviamente, também não são considerados analfabetos os que, embora sabendo ler e escrever, não possuem qualquer grau de escolarização ou são incapazes de interpretar (dar sentido) uma notícia de jornal, um recibo da água, um destino de autocarro, uma legenda de filme, um anúncio de emprego, um cartaz do centro de saúde ou um folheto eleitoral.
Usando então o conceito nos termos precisos das estatísticas oficiais, a situação no Porto, em 2001 (ano do último recenciamento geral da população), era a seguinte em valores percentuais:
Aldoar 10,6 / Bonfim 8,7 / Campanhã 11,7 / Cedofeita 7,4 / Foz do Douro 9,3 / Lordelo 10,3 / Massarelos 8,2 / Miragaia 10,0 / Nevogilde 7,8 / Paranhos 8,9 / Ramalde 10,6 / Sto Ildefonso 8,5 / S. Nicolau 12,2 / Sé 13,6 e Vitória 11,4. A média geral é 9,7%!!!
O Porto diz-se "Cidade Educadora" mas, do ponto de vista do fenómeno, está muito longe de o ser. Antes que os números do próximo recenciamento, em 2011, nos continuem a surpreender pelo seu agravamento, importa agir e tornar real aquele desejo educador da cidade e dos cidadãos. Importa criar um programa de erradicação total e completa do analfabetismo e da iliteracia: um plano local de leitura e escrita que possa receber os apoios dos poderes central e local, das universidades pública e privadas, das colectividades populares e das fundações, das comissões de moradores e das escolas básicas e secundárias, dos sindicatos e das associações empresariais.

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