quinta-feira, 22 de outubro de 2009

E agora Elisa: o Porto pode continuar a contar contigo? (I)

O que é que falhou na candidatura do "Porto Para Todos"?
1. A direita soube coligar-se para defender o essencial (a continuidade do trabalho conjunto de dois mandatos) e a esquerda não. Mau grado algumas expectativas positivas criadas muito antes da campanha autárquica, em torno da defesa do Bolhão, a esquerda nem sequer conseguiu iniciar o debate sobre os projectos de cidade que cada partido defende. Falhou a capacidade dos líderes locais se entenderem sobre um programa mínimo comum.
2. Enquanto a coligação de direita teve 47, 5% para a Câmara e 44,2% para a Assembleia Municipal, a soma PS+BE+CDU teve 49,4% e 52,3%. Estes números, apesar de eloquentes sobre a vontade de mudar o governo da cidade, de nada valem perante o sectarismo partidário que as três direcções locais foram dando prova: o raciocínio, durante a campanha, continuou a ser a defesa dos estritos interesses partidários (aparelhísticos e pessoais) e a procura de crescimento eleitoral à custa de argumentos de baixa política. Rui Rio ainda não assusta suficientemente os portuenses para gerar um movimento unitário de oposição;
3. Para a Câmara, o PS teve 34,7%, a CDU 9,8% e o BE 4,9%. Para a Assembleia Municipal a distribuição do eleitorado de esquerda foi muito diferente: 33,8%, 11,0% e 7,5% respectivamente. O que quer dizer que, lucidamente, alguns eleitores da CDU e do BE votaram PS para a Câmara (mantendo-se fieis ao seu partido na eleição de deputados municipais) na expectativa de uma vitória ou, pelo menos, de impedir a maioria absoluta do PPD/CDS. O esforço desses cidadãos não foi, porém, suficiente.
4. Poucos dias antes, nas legislativas de 27 de Setembro, dentro da cidade, o PS tinha tido 36,1%. Quer isto dizer que o PS perdeu os votos de eleitores que, provavelmente abstendo-se, não gostaram de ver e ouvir os responsáveis concelhios em guerra aberta com a candidata Elisa Ferreira. Ao nível dos responsáveis locais (concelhia e juntas de freguesia), houve PS de menos e vinganças pessoais de mais.
5. A campanha da candidatura de Elisa também não está isenta de erros e omissões, nomeadamente nos domínios da condução política, da estratégia perante a comunicação social e das acções de agitação e propaganda. Mas, sendo importante para a resposta à questão colocada no título, este é um domínio a que voltaremos brevemente com um outro post.

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