terça-feira, 20 de outubro de 2009

UM OUTONO ASSIM (VII)

O Outono não permite risos no jardim. Também não há jardim. Ficaram-me, tortos no entendimento, “os caminhos que se bifurcam e um labirinto e aquela mulher que se me deu e, ainda como no princípio do século vinte, absinto. O Outono é a minha redenção, olhando os meus pés nus de Portinari pendurado, procurando entre todos os bolsos um elemento literário. Um deles, dos bolsos, com um possível forro em cetim, furado. Enganado. O elemento literário soluçante e esganado. E, depois as nuvens, o açúcar, a pertinaz recordação da meninice, surripiado. Uma esfera, uma bola, uma espera. A mancha do sangue seco na camisa de uma guerra que chorei e lembro-me de ti. E sei que sou eu, quando, especado no sofá velho, velho compêndio de física nas mãos, digo tu. E aí quero contar-te de chacinas de sentimentos, das coninbricences lições, e de, como intuitivo, sei como a matéria se estrutura, o tempo dura, a morte irrompe calma e branca como frio quente das libertações.

José Carlos Martins
10 de Outubro 2005

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